Unidade 2:1: Inteligência emocional

No final desta unidade, conseguirei:

Inteligência emocional

Introdução à Inteligência Emocional

A inteligência emocional (ou IE) está relacionada com a compreensão das nossas próprias emoções e das emoções dos outros. É importante porque ser emocionalmente inteligente ajuda-nos a lidar com o stress, a melhorar as nossas relações e a mantermo-nos resistentes quando algo se torna difícil.

Componentes da Inteligência Emocional:

  • Autoconsciência - compreender as nossas próprias emoções
  • Autorregulação - gerir as nossas emoções
  • Empatia - compreender as emoções das outras pessoas
  • Competências sociais - comunicar bem com os outros

Relevância para a resiliência:

  • ajuda a gerir o stress, a manter o equilíbrio emocional e a melhorar as relações interpessoais.

Fundamentação Teórica: Daniel Goleman

Daniel Goleman, psicólogo e autor, desenvolveu uma estrutura bem conhecida para a inteligência emocional, que se divide em quatro componentes principais:

Autoconsciência:

capacidade de reconhecer e compreender as suas emoções. Implica estar consciente da forma como as emoções podem afetar os seus pensamentos e comportamentos.

Ligação à resiliência:

quando está consciente das suas emoções, especialmente em situações de stress, pode lidar com os desafios de forma mais eficaz porque sabe como as emoções influenciam as suas reações. Por exemplo, se notar que está a sentir-se frustrado, pode gerir esse sentimento antes que afete o seu trabalho ou as suas interações.

Autorregulação:

 capacidade de controlar e gerir as suas emoções, especialmente em situações difíceis. Implica pensar antes de reagir e manter a calma sob pressão.

Ligação à resiliência:

a autorregulação ajuda-o a manter o controlo quando enfrenta desafios stressantes ou emocionais. Num contexto profissional, se um formando ou colega estiver aborrecido, regular as suas emoções ajudá-lo-á a responder de forma ponderada em vez de reagir impulsivamente.

Empatia:

capacidade de compreender e partilhar os sentimentos dos outros. A empatia permite-lhe ver as coisas da perspetiva de outra pessoa e responder de uma forma solidária.

Ligação à resiliência:

a empatia fortalece as relações, tornando-o mais adaptável em situações sociais ou profissionais. Em alturas de stress, a empatia com os outros ajuda a criar apoio mútuo e um melhor trabalho de equipa, que são essenciais para enfrentar os desafios.

Competências sociais:

capacidade de interagir e comunicar eficazmente com os outros. Inclui competências como a escuta ativa, a resolução de conflitos e a comunicação clara.

Ligação à resiliência:

 as competências sociais sólidas permitem-lhe navegar facilmente nas relações interpessoais, o que ajuda a prevenir e a resolver conflitos. Em situações difíceis, as boas competências sociais podem ajudar a manter relações positivas, que são fundamentais para a resiliência a longo prazo.

Teoria Transacional de Stress e Coping

A inteligência emocional é fundamental tanto em ambientes educativos como profissionais, especialmente no setor do EFP (Ensino e Formação Profissional), onde o trabalho em equipa, a liderança e a comunicação desempenham papéis vitais. Eis como a IE influencia estas áreas:

Trabalho em equipa:

a inteligência emocional permite que os membros da equipa compreendam e respeitem as emoções uns dos outros. Isto conduz a uma melhor colaboração, menos conflitos e a um ambiente de trabalho mais favorável.

Exemplo:

Num ambiente de ensino e formação profissional, os formandos que trabalham num projeto de grupo podem beneficiar da IE. Se um membro da equipa se sentir frustrado, os outros, com elevada empatia, podem reconhecer esse sentimento e oferecer apoio, o que conduz a uma melhor dinâmica de grupo e a uma conclusão mais fácil do projeto.

Liderança:

os líderes com elevada inteligência emocional conseguem inspirar e motivar as suas equipas. Sabem como gerir as suas próprias emoções e as dos membros da sua equipa, criando um ambiente de trabalho positivo e produtivo.

Exemplo: Um formador com elevada IE pode aperceber-se de que um formando está a ter dificuldades emocionais e, em vez de o pressionar mais, oferece-lhe apoio e encorajamento. Isto ajuda-o a recuperar a confiança e a ter um melhor desempenho ao longo do tempo.

Comunicação:

a inteligência emocional melhora a comunicação, promovendo a compreensão, a escuta ativa e a expressão clara dos pensamentos. As pessoas com uma elevada IE conseguem comunicar eficazmente mesmo em situações de grande carga emocional.

Exemplo: Num contexto de ensino e formação profissional, onde as competências práticas e a formação são fundamentais, é essencial uma comunicação clara. Se ocorrer um mal-entendido entre um formador e um formando, um formador com uma elevada IE pode atenuar a situação, abordando calmamente a questão e assegurando que ambas as partes se sentem ouvidas.

Autoconsciência e reflexão:

Autoconsciência consiste em reconhecer como se está a sentir e como essas emoções afetam o que faz.

Por vezes, reagimos rapidamente sem pensar porque é que estamos a sentir algo. Quando sabemos porque é que o sentimos, torna-se mais fácil de gerir.

Atividade de reflexão:

  • Reflita sobre uma experiência emocional recente no trabalho ou num ambiente de aprendizagem.
  • Identifique as emoções que experimentou e como estas influenciaram as suas ações.

Técnicas de Autorregulação

Autorregulação é a capacidade de controlar sentimentos e comportamentos impulsivos, gerir as emoções de forma saudável e manter a compostura sob pressão.

É útil quando algo se torna difíceis, como quando um formando está frustrado ou há um problema no trabalho.

Uma forma de gerir as emoções é através de mindfulness, que consiste em prestar atenção à respiração e concentrar-se no momento presente. 

Atividade curta:

  • pratique uma técnica de respiração consciente durante cinco minutos.

Empatia e Competências Interpessoais

Empatia é quando tentamos compreender o que outra pessoa está a sentir. É muito importante quando se trabalha com outras pessoas, especialmente em ambientes de ensino ou aprendizagem.

O papel da empatia na resiliência:

  • a empatia melhora a resolução de conflitos, a dinâmica da equipa e as redes de apoio emocional.

Reforçar as competências sociais

Competências sociais essenciais para a resiliência:

  • escuta ativa, comunicação eficaz, resolução de conflitos.

Boas práticas para melhorar as competências sociais em contextos profissionais:

  • escuta ativa nas reuniões, fornecendo feedback construtivo.

Atividade de autorreflexão:

  • reflita sobre uma interação interpessoal difícil. Que competências sociais poderiam ter melhorado a situação?

Ferramentas e estratégias

Meditação mindfulness

O mindfulness ajuda a melhorar a regulação emocional, encorajando-o a manter-se presente e consciente dos seus pensamentos e sentimentos. Pode reduzir o stress e melhorar a sua capacidade de gerir as emoções em situações difíceis.

Como praticar

Reserve cinco a dez minutos por dia para se concentrar na sua respiração. Feche os olhos, sente-se confortavelmente e foque-se em cada respiração à medida que vai e vem. Se a sua mente divagar, volte a concentrar-se gentilmente na respiração.

Na sala de aula

Antes de um dia atarefado ou depois de uma aula stressante, um exercício rápido de mindfulness pode ajudá-lo a manter-se calmo e concentrado.

Diário de emoções

Escrever as suas emoções permite-lhe refletir sobre o seu dia e compreender como as diferentes situações o afetaram. É uma forma de aumentar a autoconsciência e de processar as experiências emocionais.

Como praticar 

No final de cada dia, dedique 10 a 15 minutos a escrever sobre quaisquer momentos emocionais significativos que tenha vivido, como reagiu e o que poderia fazer de diferente da próxima vez.

Na sala de aula

O registo no diário pode ajudá-lo a identificar padrões nas suas reações emocionais a formandos ou colegas e a desenvolver estratégias para lidar melhor com situações semelhantes no futuro.

Pausa emocional e reformulação

Esta abordagem implica fazer uma pausa quando algo serviu de gatilho emocional e reenquadrar a situação para gerir a nossa reação. Está ligada tanto à autoconsciência como à autorregulação.

Como utilizar

Quando um formando o desafia, ou quando uma situação se torna stressante, pare por um breve momento, respire e pergunte-se: o que é que realmente se está a passar aqui? Como é que posso interpretar esta situação de forma diferente? Em vez de reagir imediatamente, tente mudar a sua perspetiva para uma visão mais positiva ou neutra.

Na sala de aula

Se um formando parecer desinteressado, em vez de se sentir frustrado, encare o facto como uma oportunidade para compreender a sua perspetiva e ajustar o seu método de ensino para o apoiar.

Escuta ativa nas conversas

A escuta ativa é uma competência social fundamental para criar empatia e melhorar a comunicação. Ao concentrar-se totalmente no orador, cria uma ligação mais profunda e compreende melhor as suas emoções.

Como utilizar

Quando estiver a falar com um formando ou colega, faça um esforço consciente para ouvir sem interromper. Concentre-se nas palavras, na linguagem corporal e no tom de voz. Resuma ou reflita sobre o que ele disse para mostrar que compreendeu.

Na sala de aula

Se um formando partilhar uma preocupação, pratique a escuta ativa para compreender totalmente o problema antes de dar conselhos. Cria confiança e demonstra empatia.

Atividade 1

O desafio da adaptabilidade

Atividade de mapeamento da empatia

Objetivo: Reforçar a empatia, colocando-se no lugar de outra pessoa e refletindo sobre as suas emoções, pensamentos e ações.

Instruções

Escolha uma pessoa: pense em alguém com quem tenha interagido recentemente, seja na sua vida pessoal ou profissional. Pode ser um formando, um colega ou mesmo um amigo.

Reflita sobre a sua situação:

Reserve alguns minutos para recordar uma situação recente em que essa pessoa tenha demonstrado emoções, seja frustração, felicidade, stress ou excitação.

Imagine como é que essa pessoa se terá sentido nessa situação.

Preencher o mapa da empatia!

Numa folha de papel (ou digitalmente, se preferir), crie quatro secções com etiquetas:

  • Sentir: O que é que esta pessoa pode estar a sentir? Tente identificar o seu estado emocional.
  • Pensar: O que é que esta pessoa pode estar a pensar? Pense no que lhe vai na alma ou nas suas preocupações.
  • Dizer: O que é que disse durante a situação? Anote as suas palavras ou expressões.
  • Fazer: Como é que a pessoa agiu ou se comportou? Reflita sobre as suas ações ou linguagem corporal.

Reflexão

Depois de completar o mapa, escreva algumas frases refletindo sobre a forma como esta nova compreensão dos sentimentos, pensamentos e comportamentos da pessoa muda a sua perspetiva. Pergunte-se: Como é que eu reagiria de forma diferente agora que tentei compreender melhor? Poderia ser mais solidário ou comunicar de uma forma que respondesse às suas necessidades?

Próximas etapas

Utilize os conhecimentos adquiridos com este exercício para informar as suas futuras interações com esta pessoa (ou outras em situações semelhantes). Pense em como a empatia pode orientar as suas respostas para melhorar as relações e a comunicação.

Estudo de caso

Gerir a mudança numa instituição de ensino e formação profissional

A Maria é uma formadora no Central VET Institute, que tem a reputação de promover um ambiente de aprendizagem solidário e colaborativo. Recentemente, o instituto foi adquirido por uma empresa de ensino de maior dimensão, que trouxe uma nova equipa de liderança centrada no aumento da eficiência financeira. A nova direção pretende racionalizar as operações, incluindo os departamentos académicos, para se alinhar com os objetivos de rentabilidade da empresa.

A Maria assiste a uma reunião liderada pelo novo diretor, Marco, onde os chefes de departamento são incumbidos de reduzir os custos. Marco apresenta as suas ideias para reduzir as despesas, nomeadamente aumentando o número de formandos por turma e reduzindo a utilização de formadores a tempo parcial.

A Maria, que trabalha no instituto há mais de 10 anos, considera que estas medidas irão comprometer a qualidade do ensino e afetar negativamente a experiência dos formandos.

Durante a reunião, apresenta dados que demonstram que turmas mais pequenas conduzem a melhores resultados, especialmente em cursos de competências práticas. No entanto, Marco rejeita as suas sugestões, afirmando que a prioridade é aumentar as receitas através da redução das despesas gerais. Insiste que todas as decisões já foram tomadas, deixando pouco espaço para discussão.

A Maria nota que os seus colegas estão a ficar desmotivados, relutantes em expressar as suas preocupações. Um dos seus colegas, João, tenta apoiar o ponto de vista de Maria, citando investigação sobre a retenção de formandos. No entanto, Marco interrompe-o e passa ao ponto seguinte da ordem de trabalhos, deixando a equipa frustrada e desmoralizada.

Inteligência emocional

Autoconsciência: Em que medida é que Maria, João e Marco estão a reconhecer e a gerir as suas próprias emoções durante a reunião?
Autogestão: Como é que cada pessoa poderia lidar com a tensão e a frustração de forma mais eficaz?

Consciência social

Empatia: Marco demonstrou empatia em relação às preocupações de Maria e João sobre a qualidade do ensino? Como é que poderia ter compreendido melhor a perspetiva deles?

Gestão de relações

Trabalho de equipa e colaboração: Como seria uma colaboração eficaz entre a nova direção e o pessoal académico nesta situação? Como é que Marco poderia promover um diálogo mais inclusivo e respeitoso?

Prática recomendada

  • Reflexão pessoal : Depois de ler o estudo de caso, reflita sobre um momento em que viveu uma situação semelhante na sua vida. Escreva uma breve reflexão sobre a forma como geriu as suas emoções, como esteve atento às emoções dos outros e como poderia melhorar no futuro.

    Plano de ação para a melhoria

    Definir objetivos de IE : Com base na reflexão, identifique dois ou três objetivos específicos de inteligência emocional. Por exemplo, se a autogestão for um ponto fraco, pode estabelecer o objetivo de praticar técnicas de regulação emocional, como mindfulness ou a respiração profunda, quando estiver sob stress.

    Prática diária : Incorporar estes objetivos nas atividades diárias. Se a empatia for uma área-alvo, pratique ativamente a escuta sem interromper ou julgar nas suas interações com os outros.

Hora do Quiz!

Principais conclusões

  1. A inteligência emocional aumenta a sua capacidade de gerir as emoções, criar resiliência e promover melhores relações em contextos pessoais e profissionais.
  2. A autoconsciência e a autorregulação ajudam-no a enfrentar situações difíceis com controlo emocional.
  3. A empatia e as competências sociais reforçam a comunicação e a colaboração em ambientes educativos e profissionais.

Recursos adicionais

Livros e artigos:

  • Goleman, D. (1995). Emotional Intelligence: Why It Can Matter More Than IQ. Bantam Books.
  • Goleman, D. (2006). Social Intelligence: The New Science of Human Relationships. Bantam Books.
  • Salovey, P., & Mayer, J. D. (1990). Emotional Intelligence. Imagination, Cognition, and Personality, 9(3), 185-211.
  • Bradberry, T., & Greaves, J. (2009). Emotional Intelligence 2.0. TalentSmart.
  • Zeidner, M., Matthews, G., & Roberts, R. D. (2004). Emotional Intelligence in the Workplace: A Critical Review. Applied Psychology, 53(3), 371-399.

 

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